Contos de Umbanda • Exú do Lodo a sua História
Conta a história que Exú do Lodo ainda como homem entre nós era um médico pesquisador muito conhecido e com um grande nome em Amsterdão durante o sec. XVIII. Conta-se também que dado a ser um pesquisador em medicina que salvou inúmeras pessoas ricas e com cargos importantes mas pecava por outro lado pois negava tratamento a qualquer pessoa que não tivesse dinheiro.
Era uma pessoa que nunca praticava caridade a sua preocupação era se era famoso e o grau de vida que levava o seu estilo e o seu status perante as pessoas ricas. Chegou a construir 2 hospitais mas apesar da insistência de sua mãe em que ele começasse a ajudar também os pobres, em momento nenhum dispensou qualquer atenção aos doentes que não lhe dessem nenhum benefício financeiro. Continuou a ser arrogante e jogar mais pelo interesse mesmo quando sua mãe faleceu de coração.
Passado muitos anos ele veio a falecer e para sua surpresa ele acabou por ir parar as mais profundas das regiões umbralinas. Chafurdou no lodo das regiões infernais em grande sofrimento. Dado que em vida ele desperdiçou-a com o egoísmo, com interesses e mesquinharias agora estaria apagar por toda a sua vida levada entre nós. Mas após algum tempo de sofrimento sua mãe o socorreu e o levou daquelas regiões infernais e de sofrimento. Aprendendo a lição se arrependeu profundamente e reconheceu o seu erro.
Assim foi lhe dada uma segunda oportunidade para se redimir e assim voltou a reencarnar. Desta vez renasceu no Brasil, numa família indígena. Mas veio a falecer cedo, com apenas 8 anos foi mordido por uma cobra venenosa e veio a desencarnar. Mais uma vez sua mãe o socorreu e no plano espiritual retomou sua forma adulta( como era na sua 1ª vida), estudou e pediu para cumprir sua missão como médico dos espíritos imundos. Mas agora não iria reencarnar, mas assumiria a forma de um Guardião do Lodo e resgataria todos aqueles que caíssem nas ilusões (todos que caíam na lama) da vida assim como ele havia caído também.
Assim se tornou a entidade que hoje conhecemos como Exú do Lodo. O Exú do Lodo é um dos, sentinelas das almas, enviado directo de Omulo que trabalha na transmutação de energias, transformando o lado negativo em positivo. Mas o que poucos sabem é que ele está intimamente ligado a Nanã e a Iemanjá, pois sua energia telúrica se funde coma a energia aquosa. Motivo de usar a cor preta que representa a transformação.
Conta também a história que Pomba-Gira Rainha caminhando por uma trilha, defrontou-se com um enorme pântano, sujo e podre, o que lhe impediu de continuar. Enquanto decidia como fazer para atravessa-lo, apareceu à sua frente um homem de estatura média, com o perfil de um ermitão, bastante despenteado e aparentando ser anti-social. Ela se assustou bastante no início, mas ficou lisonjeada com o gesto educado daquele homem, que rapidamente retirou a sua capa e jogou para que ela pudesse passar…
A Rainha caminhou por sobre a longa capa preta e seguiu seu caminho sem olhar para trás. Atónito, fascinado pela beleza desta estranha mulher que nunca tinha visto, sentiu pela primeira vez o que, podia chamar de amor a uma criatura, pois sabia que lhe conhecia de muito tempo. Ela estarrecida diante do cavalheirismo daquele homem e sabendo a dificuldade que era ser um Guardião daquele local, ficou a pensar como poderia recompensa-lo pelo seu esforço, educação e como poderia melhorar a sua vida.
Ele, um ser nobre, cuida de quem chega a esse charco, ajuda a superar os obstáculos, mesmo com as dificuldades faz seu trabalho sem soluçar. Possui sim uma figura curva, mal cheirosa, bruta, mas é humilde e cortes. Foi diante do pedido da Pomba-Gira Rainha e devido a seus esforços, por sua abnegada dedicação à missão que lhe tinha sido encomendada e pelo respeito a Pomba-Gira Rainha, a qual pertencia pelo amor ao seu Rei, foi premiado. Foi assim, em uma noite escura e chuvosa que ele foi condecorado e tornou-se um Exú Chefe de Falange, um Exú Coroado.
A Pomba-Gira Rainha, sentiu-se feliz com o que aconteceu e deu-lhe um lenço perfumado com seu aroma, e solicitou que guardasse suas lágrimas, e depois, ao retomar para seu local, jogasse-o no meio do pântano. Ele se sentia feliz com o mérito, mas já não mais queria viver cuidando das profundezas que vivia, foi então que cabisbaixo atendeu o pedido de seu amor platónico e jogou o lenço a lama. A lua cobriu o local, uma luz prateada tomou conta e deu-se início a primeira planta, os primeiros botões de rosas. As quais crescem pelo local quando existe algum amor das criaturas levadas para lá.
Desde então ele percebeu que sempre teria sua amada presente e apoiando seu trabalho, mesmo que esse amor não pudesse ser correspondido devia seguir com o seu trabalho árduo, e assim o faz constantemente, cuidando de seu sombrio local e vindo na umbanda ajudar a quem precisa, fazendo o bem, pois como ele mesmo diz: se fizer coisas ruins ele além de punido, poderá regredir e isso, ele não deseja.